quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

(texto) NATUREZA E CONSEQÜÊNCIAS DA CRISE DA UNIMEP

Amigos e companheiros meus, que segundo percebo, desconhecem a situação real da UNIMEP e sustentam seus raciocínios baseados em informações truncadas acerca dos salários da UNIMEP, embora respeitosos tem afirmado que “o Reitor está certo, tem que demitir mesmo”.

Esquecem estes observadores imediatistas que o valioso patrimônio da UNIMEP não é doação norte-americana, não tem a participação da Igreja Metodista, ou de qualquer outra Igreja, mas é construção realizada com as anuidades dos alunos e a mais valia do salário do professorado da Casa pelo menos nas últimas três décadas.

Portanto, se é verdade que os professores ganharam bem nos últimos anos, mais auferiu a Instituição que em curto período construiu o campus de Lins, de Santa Bárbara, modernizou o campus centro e mais pesadamente investiu fortemente no moderno, gracioso e bem planejado campus Taquaral, além de com rara felicidade ter socorrido outras instituições de ensino da rede metodista.

Por outro lado os professores sempre se mostraram abertos às negociações salariais, concordaram com a mudança da estrutura interna feita pela instituição com vistas à diminuições de custos, abriram mão de qüinqüênios, assimilaram o pacto a nova carreira docente, bem menos custosa e aceitaram a redução de 15% de seus salários, generosidade espantosa e estranha no mundo trabalhista brasileiro.

Podem os críticos dizerem, mas isto foi pouco para o tamanho da suposta crise, mas eu afirmo foi o que a Administração pediu, nem mais nem menos.

As medidas que agora tomou o magnífico Reitor desrespeitam estas tradições de diálogo, desconhecem a parceria dos professores e os reduz à simples condição de mal servidores e os pune de modo severo, extremamente deselegante e até mesmo cruel.

Portanto, pessoalmente considero a medida injusta, precipitada e autoritária, que agravará ainda mais o quadro financeiro da Instituição, ferirá profundamente os discentes e docentes da Casa e mais grave, desmoralizará a Igreja Metodista e a tornará desacreditada para o exercício da Missão que lhe é essencial.

Que a situação é difícil não se pode ter dúvida, que há necessidade de medidas rigorosas também é certo, tudo isto pode ser entretanto conseguido através de amplo diálogo entre as partes, sem desrespeito aos docentes, discentes e funcionários e mais ainda, sem desmoralizar a proposta da Igreja Metodista, até aqui compromissada com a idéia de justiça e paz e com o sonho de um mundo novo.

Cabe agora à Igreja decidir se quer o modelo democrático e participativo de Universidade em parceria com professores discentes e funcionários ou se adere definitivamente a ideologia do mercado de modo irrefletido e politicamente danoso que não vai salvar a empresa e enterrará o sonho missionário de modo irreversível.

Apesar dos danos já causados, e da confusão feita pelo Reitor entre “remédio amargo e veneno” ainda é tempo de se cancelar as demissões e de se voltar a mesa de negociações com as partes na postura de parceiros aflitos em busca de uma solução cristã e adequada como convém a Democracia.

Elias Boaventura
Professor do Programa de Pós Graduação em Educação da UNIMEP e Ex-Reitor

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