sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

(texto) Não começou com a paralisação da Rodovia do Açúcar e não acabará na reunião do CONSUN

Há tempos, alunos e professores vêm se preocupando com a crise financeira pela qual passa a UNIMEP, uma vez que esta atinge a todos de forma direta, comprometendo o seguimento das atividades acadêmicas e da normalidade do projeto educacional da Universidade.

Desde de sempre, antes das demissões em massa até o dia de hoje, nossa preocupação com a qualidade de ensino que os professores e a estrutura universitária nos proporciona é intrínseca, a série de ações aplicadas pelo Sr. Reitor Davi F. Barros ocorreram de forma violenta e insensata, claramente anulando o “GT para Pacto de Sustentabilidade”, que visava solucionar tal crise na Universidade abrindo a discussão conjunta entre alunos, professores, funcionários e reitoria. Representou a falta de respeito aos princípios democráticos, que sempre fizeram parte das relações institucionais da UNIMEP e a falta de comprometimento com a legalidade, pois as atitudes não respeitaram desde normas internas desta Instituição (Estatuto e Regimento Interno Geral) até normas de âmbito federal, como a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação no Brasil.

Em resposta imediata a todo este contexto caótico, instalado por tal ato, decidimos na ocasião, em Assembléia junto aos professores demitidos, a ocupação do prédio Administrativo do “campus” Taquaral da Unimep. Este ato marcou o início do Movimento de Resistência da Comunidade Acadêmica da Unimep, apelidado nostalgicamente de “Dezembrada”.

A partir desta atitude, começamos a nos organizar a fim de estabelecer as direções do Movimento e as atividades que seriam desenvolvidas. No intuito de cessar as decisões arbitrárias da reitoria e de buscar melhor esclarecimento junto aos alunos que chegavam, bloqueamos as entradas principais dos blocos do “campus”, na segunda-feira (10/12/06). Repudiável, mas no calor da causa, a única forma que encontramos de manter uma certa “coerência” a não aceitação das demissões. Em complementação a esta atitude, organizamos diversos grupos a postos nas entradas bloqueadas, entregando folhetos explicativos, para informar e esclarecer os que ali chegavam já que nem ao menos professores havia para dar aulas - pelo fato de terem sido muitos deles demitidos. Temos a consciência de que não fomos os responsáveis pela paralisação das atividades acadêmicas como ressaltou o Sr. Reitor, e sim, que ele foi o responsável por tal, ao estabelecer o caos a atual crise político-administrativa. “Como terminar o semestre com 148 professores demitidos” ecoava nos pensamentos de todos ali presentes na última semana de aula. Enfrentamos, em nossos 15 dias de resistência, o intragável sabor da incógnita, como única resposta: -tudo aconteceu devido a crise financeira da instituição. Agimos de forma pacífica e irreverente durante a realização do vestibular da UNESP. Em nenhum momento depredamos ou pichamos qualquer patrimônio.

Na recusa do diálogo e no não esclarecimento sobre o futuro da UNIMEP, uma comitiva de estudantes e professores fora à Brasília, reunindo-se com representantes do Ministério da Educação e Cultura, esclarecendo a eles a atual conjuntura e buscando respostas aos problemas por nós enfrentados.
Em meio a tantos esforços, em 19/12/06, uma liminar concedida pela 3ª Vara do Trabalho de Piracicaba determinou a reintegração dos 148 professores. Como esperado, a reitoria recorreu, protocolando um mandado de segurança contra a liminar e que foi indeferido pelo juiz nessa manhã.
Essa é nossa primeira vitória, mas ainda lutaremos contra o novo estatuto proposto pelo Sr. Reitor. Consideramos sumariamente repudiáveis, pois dá plenos poderes ao mesmo e enxuga totalmente nossa participação nos rumos do ensino nesta universidade.
Realizamos um ato simbólico para representação do Movimento, o plantio de uma árvore, entre o bloco de Educação Física e a Piscina, da família das sapucaias - jocosamente apelidada de "Davicaia". Com isso, comunicamos a desocupação do campus, fique claro que o Movimento não cessa sua atividade - eternamente continua - mas qualquer outra atitude arbitrária comandada pelo Sr. Reitor, como o corrido na demissão em massa dos docentes, será categoricamente repudiado com a re-ocupação do Campus Taquaral.

Gostaríamos de agradecer imensamente os alunos da Unicamp que nos ajudaram alguns dias na ocupação, a representante da UEE (União Estadual dos Estudantes), o apoio da ADUnimep e os professores que dia-a-dia estiveram junto conosco nessa ocupação.

E o grito continua: FORA DAVI!

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