segunda-feira, 5 de março de 2007

Greve: respostas necessárias que ecoam nas ondas da incerteza?

Enquanto brasileiros, trazemos em nossa memória alguns marcos que, constantemente lembrados, nos colocam em contato com um passado muitas vezes doloroso. À medida que o tempo transcorre e permeamos um amadurecimento político, o tempo novamente se faz protagonista e nos impõe condições as quais imaginávamos superadas. A analogia entre a atual reitoria da UNIMEP e a forma como são regidas as instituições, governos, entre outros “estados” totalitários nos evoca um novo desconforto.
Enquanto representantes discentes (o D.C.E UNIMEP, órgão legitimamente eleito, representa aproximadamente 13 mil estudantes dos três campi), nos colocamos junto de um movimento que, irremediavelmente, continuará marchando na contramão daqueles que, através de processos infundados, pretendem transformar projetos consistentes pondo-os a prova dos cataclismas do mercado.
A possibilidade de greve por parte dos docentes da UNIMEP, decisão que deverá ser tomada em assembléia na data de 06/03/2007, é um reflexo desse contexto. Através dos inúmeros artigos publicados pela classe docente e mesmo pelo convívio diário, sabemos todos da legitimidade / legalidade de tal ação, bem como de todos os argumentos que a fundamentam como o não pagamento dos salários desde o mês de Janeiro de 2007. A questão parece, em alguns aspectos, bastante óbvia. É consenso de todos que a greve, inevitavelmente, prejudicará o ano letivo, bem como os projetos e cronogramas de toda a comunidade acadêmica. Neste momento, também inevitavelmente, teremos a obrigação de encontrar caminhos e alternativas que revertam esse ato em prol do projeto de universidade pelo qual lutamos pela continuidade.
Em alguns textos publicados na imprensa escrita, o reitor Davi Barros, recorrentes vezes, fez uso de retóricas as quais, a nosso ver, ao invés de promoverem o esclarecimento à comunidade Piracicabana apenas reforçaram a sua compreensão unilateral da crise, inclusive a respeito da possibilidade de greve.
Após o movimento “Dezembrada”, o movimento estudantil da UNIMEP figura como uma das grandes referências entre os movimentos organizados a nível nacional recebendo uma série de apoios de entidades não só do estado de São Paulo como também participando, ativamente, de discussões em torno da qualidade de ensino, reforma universitária, autonomia universitária, entre outras que permeiam o universo da educação superior no Brasil.
A nossa luta, em todas as instâncias, é em prol da qualidade do ensino. A sustentação do tripé ensino / pesquisa / extensão e também a luta pela garantia da autonomia universitária nos órgãos colegiados, questão essa que está no cerne da possibilidade da greve talvez ainda mais do que o não pagamento dos salários aos professores, justifica nossos atos, manifestações e posicionamentos. Com a possibilidade da greve, inevitavelmente, a reocupação do campus e a reestruturação do movimento, agora contando com o apoio e conscientização dos calouros, começa a ganhar corpo. A bandeira pela qualidade de ensino, a qual continua por nós hasteada, mais uma vez exigirá a dedicação daqueles que defendem o projeto consolidado pela UNIMEP ao longo de sua história, e que sofre agora sérias ameaças.
A situação atual nos implica a pensar, em meio ao conglomerado de incertezas, se o eco das manifestações mais incisivas como é o caso da greve, poderá se reverter de maneira benéfica ao nosso movimento pela qualidade de ensino. Caso essa atinja esse objetivo e fundamente ainda mais nossa luta, não estaremos temerosos quanto ao seu acontecimento.
D.C.E GESTÃO COLETIVA

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